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Energia. Três tendências que vão mudar o sector

O crescimento das energias renováveis, a preocupação com as emissões de carbono para cumprir as metas do acordo de Paris e a microgeração já são realidades mas o mercado energético vai conhecer em breve novas tendências que prometem ser disruptivas para o sector.

Portugal passa ao lado da mudança e tem apostado muito nas energias renováveis, com a produção, durante quatro dias de 2016, a ser assegurada por esta via e, depois das eólicas e hídricas, o esforço está a ser feito do lado do solar. E o crescimento do número de carros elétricos já levou o Governo a encomendar um estudo sobre o impacto da mobilidade na rede elétrica.

As novas fontes de energia, a mobilidade e a fragmentação da indústria podem alterar a forma como a indústria está desenhada, segundo um estudo da consultora McKinsey, em parceira com o Fórum Económico Mundial. A procura crescente dos mercados emergentes, as novas fontes de energia e o crescimento do número de carros elétricos em circulação são apenas alguns destes elementos disruptivos.

Proliferação de novas fontes de energia

Nos próximos 20 anos podem surgir 20 novas fontes de energia para alimentar a economia global, incluindo a fusão nuclear (um projeto onde o português ISQ participa), reatores nucleares mais pequenos e modulares e ainda baterias de hidrogénio. Os combustíveis fósseis vão continuar a ser uma realidade mas o peso das renováveis vai crescer no mix energético devido ao crescimento das preocupações ambientais e à redução de custos que vai tornar a energia renovável cada vez mais competitiva no ponto de vista de preço.

A procura de eletricidade deverá duplicar em meados deste século, devido à forte procura das economias em desenvolvimento, como a China e a Índia. Em 2050 a energia elétrica, que poderá ser gerada a partir de fontes de energia com baixa produção de carbono, como o eólico e o solar, pode representar cerca de um quarto da procura energética.

Central a carvão na China REUTERS/David Gray/File Photo

Central a carvão na China. REUTERS/David Gray/File Photo

Com estes desenvolvimentos tecnológicos é necessário avaliar também onde é que os governos devem focar o investimento e os esforços de investigação. A maior parte mantém as opções em aberto mas, no futuro, serão provavelmente obrigados a escolher em que tecnologias apostar, defende a McKinsey. O acesso a energia poderá já não depender dos combustíveis fósseis, nomeadamente das reservas de petróleo, gás e carvão – uma troika que tem definido o rumo das tensões geopolíticas. Serão as tecnologias relacionadas com a energia eólica, hídrica ou solar que vão ter mais relevância.

Mobilidade

Os carros elétricos são cada vez mais uma realidade, reduzindo a poluição nas cidades e as emissões de carbono. Os custos destes veículos ainda são muito elevados em comparação com os carros tradicionais mas a redução do preço das baterias pode tornar estes carros competitivos em 2025. Em 2030 as projeções da McKinsey indica que os carros elétricos representarão entre 27% e 37% das vendas de carros novos, dependendo dos desenvolvimentos a nível de regulação, tecnologia, partilha de veículos e carros autónomos.

O crescimento de carros elétricos apresenta várias consequências: a procura global por combustível usado nos carros tradicionais pode cair entre dois milhões e seis milhões de barris por dia, o que representa uma queda entre 8% e 25% e alterará a dinâmica de forças e o peso dos países produtores de petróleo. E será a indústria química, e não os transportes, a ter mais procura por estes combustíveis.

A procura de petróleo pode cair até 2 milhões de barris por dia. Fotografia: D.R.

A procura de petróleo pode cair até 2 milhões de barris por dia. Fotografia: D.R.

Consequentemente, as petrolíferas terão de repensar as estratégias e poderão ter de reforçar a produção de combustíveis como o gás natural, essencial para as fábricas da indústria química. E se os padrões de mobilidade mudarem rapidamente as cidades poderão ficar cheias de parques de estacionamentos vazios… ou com uma rede de transportes públicos que ninguém usa se os custos dos carros elétricos e dos carros partilhados cair radicalmente.

Fragmentação

Nos últimos 50 anos o sector energético tem estado concentrado em alguns players dominantes. Hoje em dia, a tecnologia permite que surjam operadores mais pequenos à medida que aparecem também novas fontes de financiamento.

Atualmente, o investimento foi feito sobretudo por privados: nos últimos cinco anos os private equity investiram mais de 200 mil milhões de dólares no setor energético, procurando novas ideias e modelos de negócio, com o foco no retorno do investimento. Esta fragmentação, acredita a McKinsey, está a diminuir o poder das grandes empresas e a redimensionar o mercado.

Enquanto a escala, em algumas áreas, está a diminuir, a rapidez aumenta de importância. Muitos players estão a interagir de formas muito diferentes em diferentes localizações, tornando-se mais difícil prever o futuro. As empresas precisam de reajustar os seus investimentos para poder mudar de estratégia rapidamente caso as circunstâncias mudem ou as condições locais assim o exijam.

Contudo, a fragmentação poderá encorajar parcerias. Estas já são comuns no petróleo e gás, onde as empresas dividem custos e riscos em projetos de capital intensivo mas nos projetos mais pequenos isso também acontece. A rapidez da evolução tecnológica e a escala da mudança no setor energético vai depender do ritmo dos avanços tecnológicos e das políticas governamentais e de regulação, conclui a McKinsey.

  • dinheirovivo.pt
  • 20/04/2017
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